[ABE-L] Editorial do Esta dão

Aluisio de Souza Pinheiro pinheiro em ime.unicamp.br
Dom Set 27 10:31:36 -03 2015


Caros,
 	O problema fundamental do programa denominado "Ciencias sem Fronteiras"
eh evidenciado por ele ter sido nomeado. Muitos tivemos, ao longo de decadas,
o privilegio de estudar no exterior com bolsas de diferentes agencias de 
fomento. Em cada caso existia um criterioso processo de seleccao. Mas esse 
historico de fomento aa formaccao superior dos brasileiros tinha que ser 
esquecido em prol da propaganda do novo, do espetacular.
 	Como em geral acontece, o espetacular nao eh justo sequer exato. As
distorccoes descobertas (e previstas por varios aqui na lista) sao, como 
bem colocou Dani, inerentes aa dimensao absurda do projeto. A dimensao absurda
do projeto, por sua vez, era condiccao sine qua non de um projeto populista,
para que todos se esquecessem do que jah existia e funcionava hah decadas.
 	Um abracco,
 			Aluisio.


On Sun, 27 Sep 2015, Vermelho wrote:

> 
> A Doris coloca bem a discussão. É muito fácil eleger só  culpado. Claro que
> o programa tem falhas, aliás, como tudo que fazemos na vida, sem excluir
> ninguém. Aqueles que acham que não erram já erraram por achar que não.
> O programa tem falhas no presente do indicativo, pois, afinal, o Estadão não
> tem a prerrogativa de extingui-lo.
> 
> Em 27/09/2015 09:50, "Dani Gamerman" <dani em im.ufrj.br> escreveu:
>       Caros
>
>       Acho que a maior crítica ao CsF foi a dimensão do projeto.
>       Isso acabou incentivando inúmeros usos indiscriminados.
>       Mais um dos vários exemplos de má administração de verbas,
>       levando a dúvidas sobre a concessão de autonomia completa
>       para as universidades públicas.
>
>       Bom domingo
>       Dani
>
>       > Caros colegas,
>       > Não podemos generalizar. O Programa Ciência Sem Fronteiras,
>       >  realmente beneficiou pessoas que não mereciam (infelizmente,
>       tudo
>       > depende da honestidade das pessoas) mas, por outro lado,
>       beneficiou
>       > também aqueles que mereciam. Temos casos de diplomas duplos
>       > resultantes desse programa e que trouxeram melhorias  aos PPGs
>       .
>       >
>       > O problema que vejo no momento é o nivelamento por baixo,
>       > penalizando aqueles que fizeram as coisas corretamente e
>       tirando
>       > oportunidades de quem realmente merece.
>       >
>       > Saudações, Clarice
>       >
>       > ----- Mensagem original -----
>       >
>       > > De: "Doris Fontes" <dsfontes em gmail.com>
>       > > Para: "Julio Stern" <jmstern em hotmail.com>
>       > > Cc: "Alfredo Mayall Simas" <simas.ufpe.br em gmail.com>,
>       "manoel lemos"
>       > > <mjmslemos em gmail.com>, "MARIA DA CONCEICAO SAMPAIO DE SOUSA"
>       > > <csampaiodesousa em gmail.com>, "ABE Lista" <abe-l em ime.usp.br>
>       > > Enviadas: Domingo, 27 de Setembro de 2015 8:54:45
>       > > Assunto: Re: [ABE-L] Editorial do Estadão
>       >
>       > > Pergunto: só o governo federal tem culpa no fracasso do CsF,
>       ou as
>       > > próprias IES têm também (grande) parcela da culpa? Se houve
>       > > estudante ruim ganhando bolsa, alguém aprovou este
>       estudante. Não é
>       > > possível pedir para o governo criar um fiscal para cada
>       coordenador
>       > > local do CsF...  No meu ver, o programa era, sim,
>       MERITOCRÁTICO.
>       >
>       > > Concordo que havia muitas falhas, mas os usuários ruins e
>       > > coordenadores das IES ajudaram, com sua falta de
>       comprometimento,
>       > > eliminar um programa que poderia ser bom.
>       >
>       > > Bom domingo a todos,
>       > > Doris
>       >
>       > > Homologação de Inscrições
>       >
>       > > Procedimentos
>       >
>       > > O processo de homologação realizado pelos Coordenadores
>       > > Institucionais do Programa Ciência sem Fronteiras visa,
>       > > principalmente, selecionar os melhores estudantes inscritos
>       nas
>       > > Chamadas Públicas para concessão de bolsas de Graduação
>       Sanduíche no
>       > > Exterior. Os candidatos deverão estar regularmente
>       matriculados em
>       > > cursos de graduação ligados às Áreas Prioritárias, cumprir
>       com os
>       > > requisitos das Chamadas, ter excelente desempenho acadêmico
>       e
>       > > proficiência no idioma do país de destino, quando exigido. 
>       > > Atenção:  Cada Instituição de Ensino Superior deverá indicar
>       o seu
>       > > representante do Ciência sem Fronteiras institucional. As
>       > > mantenedoras dessas instituições deverão orientar para que
>       que os
>       > > respectivos Reitores, ou possuidores de cargo equivalente,
>       indiquem
>       > > o seu representante para cada IES.
>       > > (...)
>       >
>       > > Instruções importantes:
>       >
>       > > Faz-se necessário mencionar os requisitos que os candidatos,
>       > > obrigatoriamente, deverão preencher para assim terem suas
>       > > candidaturas devidamente homologadas. 
>       >
>       > > * Estar regularmente matriculado em curso de nível superior
>       nas áreas
>       > > e nos temas indicados na chamada pública;
>       > > * Percentual do curso concluído, tendo integralizado no
>       mínimo 20% e,
>       > > no máximo, 90% do currículo previsto para seu curso, no
>       momento do
>       > > início previsto da viagem de estudos;
>       > > * Para os alunos de cursos de saúde, verificar a restrição
>       total ou
>       > > parcial (ciclo clínico) para cada uma das chamadas;
>       > > * Apresentar perfil de aluno de excelência, baseado no bom
>       desempenho
>       > > acadêmico segundo critérios da própria IES; -- Isso não é
>       > > meritocracia?
>       > > * Se aplicável, confirmação de prêmio acadêmico e de mérito;
>       > > * Se aplicável, confirmação de participação em programa de
>       iniciação
>       > > científica ou docência.
>       >
>       > > A elegibilidade do curso de graduação, o nível de
>       proficiência
>       > > EXIGIDO e a nota do ENEM são verificados pela Equipe do
>       Programa
>       > > Ciência sem Fronteiras quando da pré-seleção dos candidatos,
>       não
>       > > devendo assim ser motivo de NÃO HOMOLOGAÇÃO de candidatos.
>       >
>       > > Em 27 de setembro de 2015 08:02, Julio Stern <
>       jmstern em hotmail.com >
>       > > escreveu:
>       >
>       > > > O Ciencia Sem Fronteiras implementou uma politica
>       explicitamente 
>       > > > Anti-Meritocratica. 
>       > >
>       > > > O programa consumiu RS 6.5 Bilhoes, esvasiou programas bem
>       > > > estabelecidos, 
>       > >
>       > > > gerou frustracoes enviando alunos mal preparados mundo
>       afora, 
>       > >
>       > > > denegriu a boa reputacao dos estudantes de pos-graduacao
>       > > > Brasileiros
>       > > > no exterior, 
>       > >
>       > > > e deixou um rombo orcamentario que teremos que agora pagar
>       em meio
>       > > > a
>       > > > uma crise 
>       > >
>       > > > economica que eh resultado de politicas economicas
>       concebidas com
>       > > > igual zelo 
>       > >
>       > > > anti-meritocratico e anti-produtivista, embaladas com a
>       pior
>       > > > demagogia populista. 
>       > >
>       > > > Como nacao, reelegemos a Dilma:  
>       > >
>       > > > Nao temos como reclamar.  
>       > >
>       > > > Ta ruim. 
>       > >
>       > > > ---Julio Stern 
>       > >
>       >
>       > > >      
>       > >
>       >
>       > > > Date: Fri, 25 Sep 2015 09:42:37 -0300
>       > >
>       > > > From: cribari em de.ufpe.br
>       > >
>       > > > To: abe-l em ime.usp.br ; mjmslemos em gmail.com ;
>       > > > csampaiodesousa em gmail.com ; simas.ufpe.br em gmail.com
>       > >
>       > > > Subject: [ABE-L] Editorial do Estadão
>       > >
>       >
>       > > > O Estado de São Paulo, 25 de setembro de 2015 - EDITORIAL
>       > >
>       >
>       > > > O fim do Ciência sem Fronteiras
>       > >
>       >
>       > > > Lançado há quatro anos como uma das principais iniciativas
>       do
>       > > > primeiro governo da presidente Dilma Rousseff no campo da
>       educação
>       > > > e
>       > > > usado como bandeira eleitoral na campanha pela reeleição,
>       o
>       > > > programa
>       > > > Ciência sem Fronteiras está chegando a um final
>       melancólico.
>       > >
>       > > > Embora afirmem que ele não será encerrado, as autoridades
>       > > > educacionais admitiram publicamente que a oferta de novas
>       vagas
>       > > > está
>       > > > suspensa por falta de verbas. As bolsas dos alunos que
>       estão no
>       > > > exterior continuarão sendo pagas, mas as dos estudantes
>       que haviam
>       > > > sido selecionados serão canceladas. A suspensão foi
>       anunciada por
>       > > > um
>       > > > assessor do Ministério da Educação durante sabatina no
>       Comitê para
>       > > > os Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas.
>       > >
>       > > > Concebido mais como instrumento de marketing do que como
>       uma
>       > > > política
>       > > > destinada a acelerar a internacionalização do ensino
>       superior, o
>       > > > Ciência sem Fronteiras apresentou problemas desde que foi
>       lançado.
>       > > > Em vez de selecionar alunos de áreas técnicas em que o
>       Brasil
>       > > > carece
>       > > > de especialistas, especialmente no campo das ciências
>       exatas e
>       > > > biomédicas, o programa financiou indiscriminadamente
>       estudantes de
>       > > > quase todas as áreas do conhecimento [UTF-8?]â?? inclusive
>       publicidade e
>       > > > comunicações.
>       > >
>       > > > Por falta de critérios, de objetivos e de metas, o
>       programa também
>       > > > concedeu indiscriminadamente bolsas de graduação, de
>       mestrado, de
>       > > > doutorado, de especialização e de pós-doutorado, sem
>       prever
>       > > > mecanismos de avaliação de desempenho dos bolsistas. Houve
>       até quem
>       > > > ganhou bolsa para passar um ano nos Estados Unidos,
>       Inglaterra e
>       > > > Canadá sem ter sido submetido a um teste de fluência em
>       língua
>       > > > inglesa. Por não conhecer o idioma, vários bolsistas não
>       > > > conseguiram
>       > > > acompanhar as aulas e retornaram ao Brasil sem aperfeiçoar
>       sua
>       > > > formação intelectual.
>       > >
>       > > > Ao ser lançado, em 2011, o Ciência sem Fronteiras previa a
>       > > > concessão
>       > > > de 101 mil bolsas de estudo no exterior, das quais 75 mil
>       seriam
>       > > > financiadas pela União e 26 mil custeadas pela iniciativa
>       privada.
>       > > > Quando tomaram consciência de que o programa não tinha
>       prioridades
>       > > > bem definidas, bancos e empresas tentaram estabelecer
>       critérios
>       > > > objetivos para a seleção dos estudantes cujos estudos
>       financiariam.
>       > > > Mas, alegando que elas estavam usando o programa para
>       financiar mão
>       > > > de obra de que necessitam, as autoridades educacionais
>       rejeitaram
>       > > > esses critérios e impuseram outros. As empresas cancelaram
>       o
>       > > > patrocínio.
>       > >
>       > > > A inépcia administrativa também se converteu numa das
>       marcas do
>       > > > Ciência sem Fronteiras. Muitos bolsistas viajaram para o
>       exterior
>       > > > só
>       > > > com a passagem de ida e tiveram dificuldades para se
>       instalar nas
>       > > > cidades que escolheram. Por causa dos atrasos no depósito
>       das
>       > > > bolsas, estudantes ficaram sem recursos para pagar
>       aluguel,
>       > > > alimentação, transporte e plano de saúde. Universidades
>       > > > estrangeiras
>       > > > reclamaram dos atrasos do repasse das verbas para gastos
>       com
>       > > > matrículas, mensalidades e atividades acadêmicas [UTF-8?]â?? a
>       ponto de
>       > > > faculdades canadenses de engenharia se recusarem a acolher
>       > > > bolsistas
>       > > > brasileiros. Por excesso de burocracia e de um extenso rol
>       de
>       > > > requisitos estapafúrdios [UTF-8?]â?? como a exigência de que
>       as escolas
>       > > > estrangeiras tivessem a mesma carga horária, o mesmo
>       programa das
>       > > > mesmas disciplinas e dos mesmos currículos das escolas
>       brasileiras,
>       > > > além de traduções juramentadas de documentos expedidos por
>       > > > consulados [UTF-8?]â??, os estudantes brasileiros enfrentaram
>       dificuldades
>       > > > para revalidar diplomas emitidos no exterior.
>       > >
>       > > > A criação de um programa destinado a reduzir a distância
>       entre as
>       > > > universidades brasileiras e as mais prestigiosas
>       universidades
>       > > > estrangeiras foi recebida como uma boa ideia pela
>       comunidade
>       > > > acadêmica. Mas, da forma desastrosa com que foi
>       implementado e com
>       > > > resultados pífios que produziu, ele representou um
>       desperdício
>       > > > bilionário de recursos escassos. Só em seus primeiros
>       quatro anos,
>       > > > ele consumiu R$ 6,4 bilhões [UTF-8?]â?? cerca de 20% do que o
>       governo
>       quer
>       > > > arrecadar anualmente com o restabelecimento da CPMF. O
>       anúncio da
>       > > > suspensão das bolsas do Ciência sem Fronteiras é, na
>       verdade, um
>       > > > epitáfio.
>       > >
>       >
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>       Depto. de Métodos Estatísticos (DME)
>       Lab. de Sistemas Estocásticos (LSE)
>       Instituto de Matemática - UFRJ
>       http://www.dme.ufrj.br/dani
>       www.statpop.com.br
>       fbook: StatPop, twitter: @blogStatPop
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