[ABE-L] Deu na Folha de São Paulo

Gauss Cordeiro gauss em de.ufpe.br
Seg Set 19 07:16:38 -03 2016


Caros,

Esse RUF é um bom indicador.

Acho que a USP não participa do ENADE mas não sei se mudaria essa avaliação
global.

Nos últimos 5 anos, a UFPE caiu do 10o para 12o lugar.

Sds,

Gauss

Em 19 de setembro de 2016 05:53, Francisco Cribari <cribari em de.ufpe.br>
escreveu:

> Folha de São Paulo, 19 de setembro de 2016
>
> USP perde a liderança das universidades para a UFRJ
>
> *SABINE RIGHETTI*
> COLABORAÇÃO PARA A *FOLHA*
>
> Pela primeira vez desde que o RUF (Ranking Universitário*Folha*) foi
> criado, a USP perde a liderança na lista de universidades brasileiras e
> também na de cursos.
>
> O ranking, que existe há cinco anos, classifica nesta edição 195
> universidades, identificadas por Estado, natureza administrativa, tamanho e
> idade. O caderno traz também 40 rankings das instituições de ensino
> superior com os cursos de maior demanda nacional, como por exemplo medicina
> e design.
>
> Com 97,46 pontos –0,43 a mais que a USP–, a UFRJ (Universidade Federal do
> Rio de Janeiro) ultrapassa a estadual paulista na avaliação de
> universidades.
>
> O RUF é calculado a partir de cinco indicadores: pesquisa, ensino,
> mercado, inovação e internacionalização (veja gráfico ao lado).
>
> A USP zera em um dos componentes do indicador do ensino que vale quatro
> pontos, e que se baseia na nota do Enade (Exame Nacional de Desempenho de
> Estudantes). A universidade não participa da prova.
>
> Se tivesse a mesma nota da UFRJ (3,17) no Enade, a USP voltaria ao topo do
> ranking.
>
> Neste ano, a USP ocupa o 1º lugar apenas em nove das 40 carreiras
> avaliadas –contra 29 do ano passado.
>
> A Unicamp é campeã nos rankings de cursos, à frente de 14 deles. A única
> universidade particular em 1º lugar em um curso, o de moda, é a Anhembi
> Morumbi (SP).
>
> O RUF mudou o cálculo dos indicadores de mercado e de ensino. Agora, são
> usadas pesquisas de opinião com empregadores e docentes feitas pelo
> Datafolha nos últimos três anos.
>
>
> Universidades dos grandes grupos perdem posições na lista
>
> *PAULO SALDAÑA*
> DE SÃO PAULO
>
> Beneficiados por uma ampliação de seus lucros no últimos anos, e
> envolvidos em um movimento de fusões, os grandes grupos educacionais de
> capital aberto não têm universidades colocadas entre as melhores do RUF
> 2016.
>
> Das oito instituições de ensino ligadas aos conglomerados com ações na
> Bolsa, sete caíram no ranking de 2016. São quatro os gigantes educacionais
> com capital aberto: Anima, Estácio, Kroton e Ser.
>
> Juntos, eles concentram 30% dos alunos do ensino superior privado do país
> (quando somadas todas as instituições dos grupos, não só as universidades
> citadas aqui).
>
> Especialistas questionam se essa concentração é benéfica para a qualidade.
>
> A única universidade entre as oito a melhorar a sua classificação foi a
> UNG (Universidade de Guarulhos), da Grande São Paulo. Ainda assim, ela fica
> fora do top 100.
>
> Comprada em 2014 pelo grupo Ser, a instituição passou de 129ª para 127ª.
> Em 2014, antes da fusão, ela ocupava a 90ª posição.
>
> A UNG foi a única a não sofrer queda no indicador de pesquisa. Nas outras
> universidades, a piora nesse quesito foi o que mais pesou para o desempenho
> negativo.
>
> A mais bem colocada desse grupo é a Estácio de Sá, do Rio de Janeiro, que
> está na 80ª posição. Mas ela também caiu: era a 77ª em 2015.
>
> A paulista São Judas Tadeu teve queda pelo segundo ano, ficando em 136ª. A
> instituição é da Anima desde 2014.
>
> As quatro universidades da Kroton perderam posições. A Uniderp
> (Universidade Anhanguera), do Mato Grosso do Sul, teve o maior descenso
> entre todas as particulares do país. Após cair 37 posições, ficou em 169ª.
> Piorou em pesquisa e ensino.
>
> Unopar, Unic Pitágoras e Unian são as outras do grupo, todas com
> oscilações negativas. A Unian resultou da junção entre Uniban e UniABC,
> cujos dados foram agregados. No RUF, foi comparada com a Uniban, por ter o
> mesmo registro no MEC.
>
> Maior grupo privado de ensino superior do país, com 1 milhão de alunos, a
> Kroton comprou a Estácio em julho. Falta a aprovação do Cade (Conselho
> Administrativo de Defesa Econômica), que avalia concentração de mercado.
>
> O consultor em ensino superior Carlos Monteiro diz que os grupos atuam
> direcionados à educação de massa, com base em referenciais mínimos de
> qualidade. "As empresas se tornam maiores e acabam cobradas por não terem
> suas ilhas de excelência", diz. "Essas ilhas vão ser calcadas em
> universidades com a trilogia de ensino, pesquisa e extensão."
>
> Para Wilson de Almeida, da Universidade Federal do ABC, a política de
> redução de despesas é o mais grave. "Na Bolsa, elas precisam de resultados
> no curtíssimo prazo, o que diverge da busca de qualidade na educação", diz.
>
> De 2011 a 2015, a receita bruta dos grupos cresceu 328%. Já o gasto com
> docentes caiu de 40% para 37%, segundo estudo do professor Oscar Malvessi,
> da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
>
> Parte do lucro vem do programa de financiamento estudantil federal, o
> Fies. Até 2014, os grupos detinham 23% de todos os contratos do país. O
> Fies possibilitou a redução da inadimplência e o aumento das mensalidades.
>
> *OUTRO LADO*
>
> Kroton, Ser e Estácio afirmam que as instituições adquiridas melhoraram
> nas avaliações do MEC. E que estão ampliando os investimentos em tecnologia
> para alunos e professores.
>
> A Estácio diz se orgulhar de "apresentar melhorias constantes" nos últimos
> anos. Para a Kroton, o desafio é um ensino "que garanta a empregabilidade."
>
> Melhoria do corpo docente e modernização de laboratórios são ações
> elencadas pela Ser que permitiram avançar na qualidade. A Anima não
> respondeu.
>
>
> Universidades estaduais de SP concentram pesquisa no país
>
> *REINALDO JOSÉ LOPES*
> COLABORAÇÃO PARA A *FOLHA*
>
> Apesar de anos de esforços relativamente bem sucedidos para descentralizar
> o ensino superior e a pesquisa no Brasil, as universidades estaduais
> paulistas ainda respondem por cerca de um terço de todos os artigos
> científicos produzidos no país.
>
> Os dados obtidos pelo Ranking Universitário Folha indicam que, além desse
> predomínio quantitativo, a USP, a Unicamp e a Unesp se destacam ainda pela
> diversidade de sua rede de colaboradores, tanto no Brasil quanto no
> exterior.
>
> Segundo a base de dados Web of Science, pesquisadores brasileiros
> publicaram quase 90 mil artigos científicos entre 2012 e 2013. Desses, 33%
> tinham ao menos um autor associado às universidades estaduais de São Paulo.
>
> AS DEZ MAIS PRODUTIVAS - Números de artigos científicos publicados por
> docentes em dois anos*
>
> O peso dessas instituições para o impacto da pesquisa nacional (medido
> pelas citações de cada artigo feitas nas pesquisas publicadas
> posteriormente) também é significativo. Em 2014, cada artigo brasileiro
> publicado no biênio anterior foi citado, em média, pouco mais de 1,62 vez.
> Quando as pesquisas com autores da USP, da Unesp e da Unicamp são retiradas
> da lista, a média de citações por artigo cai para 1,47.
>
> A comparação das estaduais paulistas com outras universidades do topo do
> ranking nacional, como a UFRJ, a UFMG e a UFRGS, revela outro padrão
> interessante.
>
> Cerca de 10% das publicações com participação dessas instituições federais
> (número que varia entre 12,59%, no caso da UFRJ, e 9,04%, no da UFRGS)
> incluem colaborações com a USP, a Unesp e a Unicamp. Já o percentual somado
> de colaborações das estaduais paulistas com as grandes universidades
> federais é mais ou menos a metade disso (entre 6,83% para a UFRJ e 4,28%
> para a UFRGS).
>
> O levantamento dos dados de impacto foi feito pelo pesquisador em ciência
> da informação Estêvão Gamba, consultor do RUF.
>
> *PÓS-GRADUAÇÃO*
>
> Para a química Maysa Furlan, pró-reitora interina de pesquisa da Unesp, o
> peso das universidades paulistas tem relação estreita com a consolidação do
> sistema de pós-graduação. "Em número de cursos de pós-graduação, por
> exemplo, a Unesp é hoje a segunda do país."
>
> Furlan argumenta que, ao atrair estudantes do país todo para seus
> programas de mestrado e doutorado, as instituições de São Paulo
> naturalmente estabelecem uma rede nacional de parcerias.
>
> Segundo Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp (órgão
> estadual de fomento à pesquisa em São Paulo), as universidades paulistas
> também têm intensificado a colaboração com grupos do exterior ao longo
> desta década. Hoje, entre 30% e 40% dos estudos assinados por pesquisadores
> das três universidades têm ao menos um autor estrangeiro.
>
> A colaboração com grupos do exterior, segundo Brito Cruz, amplia o impacto
> dos artigos científicos paulistas tanto pelo avanço na qualidade quanto
> pela visibilidade.
>
>
> Formação de cientistas ainda é restrita a poucas instituições
>
> DE SÃO PAULO
>
> A ciência brasileira é desenvolvida sobretudo dentro das universidades.
> Mas se todas dividem a responsabilidade de fazer o conhecimento avançar,
> algumas são bem mais produtivas que outras.
>
> Apenas 20 das 195 universidades do país têm mais de um artigo científico
> publicado por docente a cada dois anos, considerando a base de artigos
> científicos Web of Science e o SciELO. Em geral, são trabalhos em português.
>
> Na Unicamp, primeiro lugar do ranking, cada professor publicou, na média,
> quase um artigo por ano –foram 3,76 por docente entre 2012 e 2013. A
> instituição investe na base, mantendo programas de iniciação científica
> para os alunos de graduação e projetos de férias para os de ensino
> fundamental e médio.
>
> A Unicamp dá um apoio específico aos docentes recém-contratados.
> "Fortalecemos o jovem pesquisador com uma bolsa enxoval [de até R$ 15 mil],
> que vai ajudá-lo a construir sua linha de pesquisa", diz Glaucia Maria
> Pastore, pró-reitora de pesquisa.
>
> AS DEZ MAIS PRODUTIVAS - Números de artigos científicos publicados por
> docentes em dois anos*
>
> Líder de um laboratório de química de renome internacional, Marcos Eberlin
> começou sua carreira de pesquisador há mais de 30 anos, na graduação, e
> continua fazendo pesquisas na Unicamp.
>
> O diferencial, diz, é criar uma cultura para formar cientistas. "O aluno é
> mais do que alguém que vai operar um equipamento. Formo pesquisadores, não
> técnicos".
>
> Fora de São Paulo, a instituição mais produtiva é a Ufla (Universidade
> Federal de Lavras), de Minas Gerais. O reitor, José Roberto Scolforo, conta
> que nos anos de 1970 todos os docentes ganharam bolsas para se titularem
> fora do país. "Aproveitando os que voltaram, a universidade começou um
> ousado programa de pós-graduação."
>
> Hoje, cada docente recebe R$ 3.000 ao ano para fazer uma versão de artigos
> para o inglês. E quem publica em revistas de alto impacto ganha uma verba
> para congressos ou compra de materiais.
>
> Mas, mesmo entre as 20 universidades que mais produzem no Brasil, ainda há
> pouco destaque lá fora. "Tivemos um crescimento grande nas boas
> universidades, de 40% a 50%. Mas quem já estava avançado no mundo também
> cresceu. Não nos destacamos", diz Rogério Meneghini, co-criador do projeto
> SciELO e consultor do RUF.
>
> *IRRELEVANTE*
>
> Na prática, a pesquisa em algumas instituições particulares é quase
> irrelevante.
>
> Na PUC-RJ, a particular mais produtiva, as pesquisas trazem recursos
> financeiros à instituição. "Mais de 50% do nosso orçamento vem de projetos
> de pesquisa, feitos por convênios", diz o vice-reitor José Ricardo Bergmann.
>
> A opção por convênios, porém, faz com que alguns resultados sejam
> sigilosos.
>
> Na ponta de baixo, das mais improdutivas, há instituições de grande porte,
> como a Anhembi Morumbi (média de 0,01 artigo por docente em dois anos),
> Braz Cubas (0,02) e Unip (0,03).
>
> O levantamento dos dados de impacto foi feito pelo pesquisador em ciência
> da informação Estêvão Gamba, consultor do RUF.
>
> A Anhembi Morumbi não quis comentar. A Braz Cubas informou que mantém oito
> grupos de pesquisas registrados pelo CNPq e mais de 50 grupos de Iniciação
> Científica, com bolsistas custeados pela própria universidade.
>
> A Unip diz manter com recursos próprios o Laboratório de Extração do
> Núcleo de Pesquisas em Biodiversidade na Amazônia, inaugurado em 1996 sob a
> coordenação do médico Drauzio Varella.
>
>
> Melhor do país em avaliações no exterior, USP reorganiza contas
>
> *PAULO SALDAÑA*
>
> DE SÃO PAULO
> *SABINE RIGHETTI*
> COLABORAÇÃO PARA A *FOLHA*
>
> Líder brasileira nos principais rankings globais e latino-americanos de
> universidades como o THE (Times Higher Education) e o Ranking de Xangai, a
> USP, maior universidade brasileira, está reconstruindo suas contas depois
> de –talvez– a maior crise financeira de sua história.
>
> Em 2013, o gasto da USP com salários chegou a 106% dos repasses do Estado
> (o limite legal é 75%) -as contas foram reprovadas por irregularidades pelo
> TCE (Tribunal de Contas do Estado).
>
> Para manter a engrenagem funcionando, a universidade recorreu à sua
> poupança.
>
> O atual reitor Marco Antonio Zago, que assumiu em 2014, diz que a USP até
> que respira bem, comparada a outras universidades, especialmente as
> federais.
>
> USP em número de vagas - Maior universidade brasileira mais do que dobrou
> o número de vagas em dez anos
>
> "A situação orçamentária da USP, apesar de difícil, é uma das melhores do
> país. As três estaduais paulistas [USP, Unesp e Unicamp] são as únicas que
> têm de fato autonomia de gestão de recursos."
>
> "Encontramos um problema de gestão dos recursos, em 2014, que está
> completamente superado." A USP, porém, deve fechar o ano com 97% do seu
> orçamento comprometido com o pessoal.
>
> Figura bem vista no meio acadêmico, Zago agiu com mãos de ferro: congelou
> contratações e obras e fez um plano de demissão voluntária.
>
> Para o ex-reitor da USP José Goldemberg, hoje presidente da Fapesp
> (Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo), a universidade conseguiu
> consolidar uma estrutura que lhe garantiu enfrentar a crise. "Com todos os
> problemas que tem enfrentado, a qualidade da atividade científica não tem
> caído", diz.
>
> É a USP que lidera o indicador que avalia a qualidade da pesquisa
> científica das universidades no RUF, seguida da Unicamp e da UFRJ.
>
> Está em 8º lugar, no entanto, no indicador de ensino que, dentre outros
> componentes, baseia-se na nota das universidades no Enade. Como não faz a
> prova oficial do MEC, considerada pelo RUF desde 2013, a USP zera nesse
> ponto.
>
> A universidade paulista melhorou só 0,09 ponto em relação a 2015. A UFRJ
> subiu 0,72 ponto -conquistados especialmente no indicador que avalia o
> ensino no RUF.
>
> Se tirasse a nota média (2,51 pontos) no Enade, a USP voltaria ao 1º lugar.
>
> A USP também perdeu a liderança nos rankings de cursos do RUF. Ocupa o 1º
> lugar em nove carreiras, como jornalismo e relações internacionais –contra
> 29 em 2015.
>
> A pontuação da USP nos cursos tem se mantido estável, enquanto as outras
> melhoram. Em medicina, por exemplo, a USP mantém os pontos de 2015; já a
> Unifesp sobe em um dos indicadores (ensino) de 19,44 para 34,22 pontos e
> assume a liderança.
>
> Já em engenharia mecânica, em que a Unicamp sobe do 3º para 1º lugar, a
> USP, que era líder em 2015, perde 0,03 ponto em ensino, enquanto a Unicamp
> melhora 3,91.
>
> *USP EM NÚMEROS*
>
> *59.081* alunos de graduação
> *300* cursos de graduação
> *6.090* professores
> *17.199* funcionários
> *R$ 6 milhões* : gasto mensal com salários acima do permitido em 2015
>
>
> Amazonas concilia avanço em pesquisa e aula para índios
>
>
>
>
> *PAULO SALDAÑA*
> ENVIADO ESPECIAL A TABATINGA E MANAUS (AM)
>
>
> É na língua ticuna que os alunos do curso de agroecologia da UEA
> (Universidade do Estado do Amazonas) da comunidade Umariaçu, em Tabatinga,
> apresentavam um trabalho da disciplina desenvolvimento rural, do 2º ano, no
> fim do mês passado.
>
> O curso foi criado em 2014 para os indígenas. O pedido veio dos caciques
> como tentativa de enfrentar a situação cada vez mais grave de alcoolismo,
> violência e casos de suicídio entre os ticunas.
>
> Para a maioria da turma, o curso é o caminho para melhorar a vida da
> comunidade. "Meu sonho depois é fazer uma organização ou fundação, de
> agricultores indígenas e não indígenas, para dar orientação, ensinar como
> trabalhar melhor a terra", explica uma das alunas, a indígena Sara del
> Aguila, 18. A língua padrão por ali é o ticuna, mas todos falam português.
>
> Uma estrada de terra de 6,7 km separa Umariaçu do centro de Tabatinga,
> cidade do Amazonas na fronteira com a Colômbia e o Peru. Os quase 6.000
> indígenas vivem em casas de madeira e alvenaria à beira do rio Solimões.
>
> "O álcool, a violência e a falta de oportunidades são os problemas
> maiores, mas muitos jovens daqui têm seu sonho", diz Deoclesio Ruiz, 25,
> que pretende reforçar a roça da família após a graduação.
>
> A UEA nasceu em 2001 já com o desafio de atuar em um Estado em que parte
> da população está isolada pela floresta. Muitos locais têm acesso apenas
> por rios.
>
> A universidade foi a que mais cresceu no RUF 2016 na região Norte do país.
> Subiu 18 posições e voltou ao grupo das cem primeiras, que ocupava em 2014
> –hoje ela é 91ª.
>
> Com exceção do critério de inovação, a UEA melhorou em todos os
> indicadores que compõem o ranking. Mas o que mais colaborou para o
> resultado foi o avanço nos índices de ensino e pesquisa.
>
> *DESAFIOS*
>
> Tabatinga é um dos 13 municípios com unidades fixas da UEA. As aulas para
> os indígenas são dadas em uma sala emprestada pelo Exército enquanto um
> prédio dentro da comunidade não é liberado -falta energia elétrica.
>
> Dificuldades logísticas que envolvem, por exemplo, permanência de
> professores em cidades afastadas e sinal de internet compõem um cenário
> adverso para a atividade acadêmica. "Temos uma realidade única, é como se
> não fosse o Brasil", diz o reitor, Cleinaldo de Almeida Costa.
>
> Ser avaliado com a mesma régua de uma USP, por exemplo, incomoda a
> reitoria. Mas, segundo Costa, as condições estão dadas.
>
> "Sem laboratórios e uma rede de conexões de pesquisa, não tenho como
> produzir ciência. Precisamos de parcerias. Sem diálogo, vamos levar 200
> anos para avançar."
>
> Um laboratório de desenvolvimento de aplicativos criado em 2014 em
> parceria com a Samsung, em Manaus, possibilitou que 20 mil alunos e
> visitantes se formassem em cursos rápidos, a maioria de capacitação. A
> partir dessa iniciativa também surgiu uma graduação e uma especialização em
> jogos digitais.
>
> A UEA já formou 40 mil alunos de graduação, sendo 864 indígenas. Na pós,
> foram 978 mestres e doutores.
>
> O curso de agroecologia dos indígenas é presencial. Mas a instituição
> aposta num modelo mediado por tecnologia: as aulas, feitas de um estúdio em
> Manaus, são transmitidas ao vivo para o interior. No outro lado, um
> professor tutor acompanha as atividades e as turmas podem interagir,
> fazendo perguntas por chat ou vídeo.
>
> Em 2015, praticamente metade dos formados cursou esse tipo de graduação.
>
> Financiada com 1% da receita do polo industrial de Manaus, a UEA tem
> orçamento estimado neste ano de R$ 400 milhões. Com a crise, o repasse deve
> ser 25% menor, calcula o reitor.
>
>
> Federal do Pará oferece aula de língua indígena para docentes
>
> *SABINE RIGHETTI*
> COLABORAÇÃO PARA A *FOLHA*
>
>
> Localizada na floresta amazônica e no 154º lugar do RUF 2016, a Ufopa
> (Universidade Federal do Oeste do Pará) tem um desafio institucional:
> garantir o ingresso e a manutenção dos povos da região entre seus alunos.
>
> Criada em 2009, a universidade tem 6.591 estudantes, dos quais 95 são
> quilombolas e 240 são indígenas que falam, ao todo, 13 línguas.
>
> Para facilitar a integração, quem dá aula na Ufopa é convidado a aprender
> nheengatu, uma das línguas mais comuns dos povos indígenas.
>
> A maioria dos docentes –hoje são 384– vem de longe.
>
> São frequentes os pedidos de redistribuição para lugares mais próximos dos
> familiares, segundo a reitora Raimunda Nonato. "Mas também são muitos que
> consideram relevante a atuação científica no coração da Amazônia."
>
> Mais do que falta de recursos, a universidade, segundo a reitora, sofre
> com a falta de condições para implementar projetos com o que recebe.
>
> Desde que foi criada, a Ufopa executou cerca de R$ 180 milhões em obras,
> veículos e equipamentos. Poderia ter investido quase o dobro. O dinheiro
> voltou aos cofres.
>
> "Um dos grandes desafios das instituições de ensino superior do Norte é a
> carência de empresas especializadas em projetos e execução de obras no
> interior."
>
> *BARCO E AVIÃO*
>
> A universidade, com sede em Santarém, tem seis campi floresta adentro.
> Para ter uma ideia, não é possível chegar a boa parte deles por via
> terrestre. Os recursos mais usados são os barcos, que viajam pelas
> "estradas do Norte" (os rios), como diz a reitora. Dependendo da época do
> ano, porém, nem o barco resolve: é preciso avião.
>
> "Já houve vezes em que ficamos sem contato telefônico, mas são
> dificuldades que vão sendo superadas."
>
> Para Nonato, um dos maiores objetivos hoje é pós-graduar indígenas e
> quilombolas, para que sejam futuros professores e gestores. "Eles vão
> consolidar a Ufopa como uma universidade que representa a diversidade
> regional e nacional."
>
>
> Cursos de exatas mudam para tentar conter saída de alunos
>
> *EVERTON LOPES BATISTA*
> DE SÃO PAULO
>
>
> Os cursos de exatas, responsáveis pela formação de engenheiros, de
> cientistas e de professores de ciências, perdem alunos enquanto se agrava a
> falta de profissionais dessas áreas no mercado.
>
> No curso de física da UFMG, por exemplo, o 4º melhor do país no RUF 2016,
> 35% dos alunos desistem. E não é por falta de demanda: auditoria do TCU
> (Tribunal de Contas da União), feita em 2013, apontou deficit de 10 mil
> professores de física para o ensino básico no país.
>
> A graduação em matemática computacional da mesma universidade –que também
> ocupa o 4º lugar na carreira "matemática" no RUF 2016– tem evasão de 38%.
>
> A falta de preparo para as matérias de matemática da graduação, como o
> cálculo diferencial e integral, leva a muitas reprovações. Isso desmotiva o
> aluno e, segundo professores, é um dos principais motivos do abandono.
>
> CIÊNCIA ÚTIL - Exatas, agro e saúde concentram a maior quantidade de
> estudos feitos no país
>
> "A dificuldade com as matérias de exatas causa alta evasão logo nos dois
> primeiros anos do curso", conta Simone de Souza, presidente da Comissão de
> Graduação do ICMC (Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação), da
> USP São Carlos.
>
> O bacharelado em matemática aplicada e computação científica do ICMC –que
> lidera a carreira "matemática" no país–, perdeu 48% de seus alunos entre
> 2000 e 2015, segundo a instituição.
>
> O curso de matemática da mesma universidade teve evasão de 38%.
>
> Esses números estão acima da média de desistência na USP, se considerados
> todos os cursos, que é de 20%.
>
> *REAÇÃO*
>
> Souza afirma que a instituição adotou algumas estratégias e dados de 2015
> mostram queda média na evasão de cerca de 15% no ICMC, que ainda oferece os
> cursos de ciências e engenharia da computação, estatística e sistemas de
> informação.
>
> Uma das ações foi a inserção de disciplinas de direcionamento acadêmico no
> início da graduação. O objetivo é fazer com que os alunos conheçam o curso
> e o mercado de trabalho para conduzirem seu currículo com mais autonomia.
>
> O instituto também promove palestras e visitas com alunos do ensino médio.
>
> Luciano Antonio Digiampietri, professor do curso de sistemas de informação
> na USP Leste –3º do país na área de "computação"–, realizou, com outros
> docentes da instituição, um levantamento estatístico com mais de mil
> históricos de graduandos do curso para rastrear, por exemplo, as matérias
> de maior dificuldade e em que momento o abandono era mais comum.
>
> "Mudanças simples, como fazer com que o aluno curse antes uma matéria que
> serve de suporte para outra mais difícil, já reduzem as reprovações", diz o
> professor.
>
> Digiampietri estima queda de cerca de 20% na evasão desde que medidas
> foram adotadas há três anos.
>
> A criação de competições de programação para alunos ingressantes foi outra
> maneira encontrada para conter as desistências. "Isso integra o estudante,
> tornando-o parte da universidade e diminui a chance de ele ir embora."
>
>
> Instituições e empresas formam sob medida quem não acham no mercado
>
> *SABINE RIGHETTI*
> COLABORAÇÃO PARA A *FOLHA*
>
>
> A falta de profissionais ou de qualificações específicas tem feito com que
> empresas e instituições abram seus próprios cursos de graduação.
>
> O objetivo, segundo os coordenadores das iniciativas, é formar
> profissionais para o mercado e, de quebra, preencher suas próprias vagas
> com egressos dos cursos.
>
> O Sesi (Serviço Social da Indústria) paulista é uma das instituições que
> aderem agora à proposta: está com inscrições abertas para sua primeira
> graduação, de formação de professores.
>
> De acordo com o diretor da Faculdade Sesi-SP, Cesar Callegari, a ideia é
> oferecer um currículo que repare as principais falhas detectadas pelo Sesi
> ao contratar professores. A graduação, por exemplo, será mais prática que
> de costume, com residência desde o primeiro ano da faculdade.
>
> Os professores formados por lá poderão ocupar vagas no quadro do próprio
> Sesi, "automaticamente".
>
> Para quem perde anualmente cerca de 5% dos seus 5.000 professores, a
> iniciativa pode ser uma boa saída.
>
> O Sesi-SP tem forte inspiração no hospital Albert Einstein, que há quase
> 30 anos oferece um curso de graduação em enfermagem.
>
> Porque é pouco conhecido no mercado –justamente por empregar, no próprio
> Einstein, quase todos os seus ex-alunos–, o curso perde pontos na avaliação
> do RUF.
>
> No ranking geral de enfermagem, o Einstein está em 56º lugar. Mas, se
> levado em conta apenas o indicador do ranking calculado a partir da nota do
> Enade, sobe para 20º.
>
> Neste ano, a faculdade deu um passo mais ousado com a implementação da
> graduação em medicina. A ação começou com processo seletivo que teve até
> entrevistas.
>
> "Queremos um médico que saiba trabalhar em equipe e de maneira
> multidisciplinar", afirma Alexandre Holthausen, diretor da Faculdade de
> Ciências da Saúde Albert Einstein.
>
> Na mesma linha tem trabalhado a Faculdade Cultura Inglesa, que forma em
> 2017 a sua primeira turma de professores de língua inglesa. O programa
> surgiu por demanda da própria instituição.
>
> "Os professores que chegam não têm mais a mesma qualidade", afirma Lizika
> Goldchleger, gerente executiva da instituição. A Cultura teve de dobrar a
> quantidade de horas do curso de treinamento dos novos professores.
>
> O deficit surge na didática, no conhecimento da língua inglesa e nas
> capacidades "não cognitivas", como resolver conflitos na sala de aula.
>
>
> Exame oficial do MEC é controverso, afirma reitor da USP
>
> *SABINE RIGHETTI*
> COLABORAÇÃO PARA A *FOLHA*
>
>
> Única universidade do país fora da avaliação de graduados oficial do MEC,
> o Enade, a USP afirmou que não deve participar do exame tão cedo.
>
> Após um ensaio para entrar na prova, feito pela gestão anterior, de João
> Grandino Rodas (2010-2013), o atual reitor da USP, Marco Antonio Zago,
> anunciou que deve manter a USP de fora.
>
> "O Enade é uma prova tecnicamente controversa. Os defeitos da prova já
> foram amplamente analisados no conselho da graduação [da universidade]",
> diz Zago.
>
> Desde sua 2ª edição, o RUF conta a nota das universidades no Enade em um
> dos componentes do indicador que avalia qualidade de ensino, que vale
> quatro pontos. A USP zera nesse indicador.
>
> Se tivesse os mesmos pontos da 1ª colocada do ranking no quesito do Enade
> no RUF –ou se tivesse a média nacional no exame–, a USP lideraria a
> listagem da *Folha*.
>
> "O que a USP ganha ou perde ao participar do Enade? Nada. Não dependemos
> disso. É muito difícil convencer a universidade", diz o reitor.
>
> Maria Inês Fini, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e
> Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão federal responsável pelo
> Enade, diz que, com o exame, as universidades prestam contas sobre o nível
> de seu ensino. "A sociedade tem que conhecer o desempenho institucional e a
> qualidade da formação dos nossos jovens."
>
> A USP assinou um acordo com o MEC em 2013, a partir do qual criou um
> projeto experimental para que seus alunos fizessem o Enade de forma
> voluntária por três anos. A nota do exame, no entanto, não é divulgada.
> A ideia de Rodas era possibilitar a comparação dos cursos da USP com
> outros das demais universidades do país.
>
> -
>
> *USP EM NÚMEROS*
>
> *59.081* alunos de graduação
> *300* cursos de graduação
> *6.090* professores
> *17.199* funcionários
> *R$ 6 milhões* : gasto mensal com salários acima do permitido em 2015
>
>
> Qualquer que seja o critério, EUA são os campeões em educação
>
> *SABINE RIGHETTI*
> COLABORAÇÃO PARA A *FOLHA*
>
>
> As melhores universidades do mundo, de acordo com diferentes listagens,
> estão nos Estados Unidos. Qual é a melhor do país? A resposta depende de
> quem analisa.
>
> A classificação de universidades mais famosa dos EUA, do jornal "U.S.News"
> –que elaborou o primeiro ranking universitário do mundo, em 1983,– traz a
> Princeton no topo da lista de 2015.
>
> Nesse ranking, as universidades são avaliadas de acordo com aspectos como
> evasão dos alunos, nota média dos alunos ingressantes nas provas nacionais
> e salário dos docentes.
>
> No ranking THE (Times Higher Education) de 2015, considerado o principal
> da atualidade, a melhor universidade dos EUA -e do mundo- é a Caltech
> (Instituto de Tecnologia da Califórnia).
>
> Nessa avaliação, entram na conta indicadores que olham especialmente para
> a produção científica das instituições –medido por meio da quantidade de
> vezes que os estudos dos docentes da instituição são citados em outros
> trabalhos.
>
> A Harvard é a melhor dos EUA –e do mundo– no ranking global ARWU,
> conhecido como Ranking de Xangai, espécie de concorrente chinês ao
> britânico THE.
>
> Para os avaliadores chineses, universidades boas são as que têm docentes
> com prêmio Nobel ou medalha Fields –o "Nobel da matemática"– e que publicam
> artigos científicos na "Science" e na "Nature", periódicos de maior impacto
> da atualidade.
>
> Mas, em todos os rankings, Princeton, Harvard e Caltech estão no "top 10"
> da lista.
>
>
> Petróleo e ensino levam UFRJ ao primeiro lugar
>
> A UFRJ (Universidade Federal do Rio do Janeiro) se tornou a melhor
> universidade do Brasil, segundo o RUF. Entre as razões para a mudança de
> posição estão o crescimento da área de petróleo na última década e a
> diversificação no perfil do aluno.
>
> Os problemas no setor de óleo e gás no país –área em que a universidade se
> destaca– e os cortes de verba da instituição, porém, surgem como desafios
> para que ela mantenha essa liderança nos próximos anos.
>
> "A universidade está pulsando, ativa na produção de conhecimento, mas
> temos preocupações com o orçamento que criam um ponto de interrogação
> angustiante", diz o reitor Roberto Leher, no cargo desde 2015.
>
> A nota da UFRJ cresceu de 96,74 em 2015 para 97,46 neste ano, o que a fez
> ultrapassar a USP pela primeira vez e alcançar a liderança. É o segundo ano
> consecutivo de crescimento da instituição, que em 2015 tomou o segundo
> lugar da UFMG.
>
> O avanço foi causado por uma alta na nota do Enade (exame federal do
> ensino superior), principalmente em cursos de engenharia e nas
> licenciaturas.
>
> POR DENTRO DA LÍDER - Vagas por ano*
>
> Para a diretora da Faculdade de Educação da universidade, Carmen Teresa Le
> Ravallec, esse resultado é reflexo de um trabalho interno de formação de
> professores. "A gente encontrou um tom bacana para conversar sobre qual o
> papel de uma universidade pública na formação. Isso se reflete em um ensino
> de qualidade, que vai aparecendo nas avaliações."
>
> Já a alta das engenharias tem ligação com o crescimento geral dessa área
> na universidade a partir da descoberta do pré-sal, em 2006.
>
> A UFRJ usou esse momento para financiar pesquisas, criar projetos e
> fortalecer laboratórios na área de petróleo. Em especial, ganhou atenção o
> Parque Tecnológico (que reúne centros de pesquisa de empresas privadas
> dentro do campus) e a Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de
> Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia).
>
> *PRÉ-SAL*
>
> Criada nos anos 1960 em parceria com a Petrobras e pioneira nos estudos de
> óleo e gás no país, a Coppe é o principal centro de pesquisa da UFRJ. Em
> seus mais de cem laboratórios há tanques que simulam o fundo do oceano,
> supercomputadores e até um veículo que levita por meio de supercondutores.
> Foi lá que parte da tecnologia que permitiu a extração de petróleo do
> pré-sal foi desenvolvida.
>
> "É fundamental que se tenha condições de juntar a formação acadêmica com a
> parte tecnológica. E esses laboratórios permitem alavancar de forma
> concreta essas atividades e o desenvolvimento de pesquisas", diz o
> ex-reitor Carlos Levi, professor do curso de engenharia.
>
> A meta agora é buscar outras áreas, para não ficar tão dependente de um só
> setor, diz Carlos Watanabbe, diretor da Coppe. "Estamos com uma certa falta
> de recurso na área de petróleo, mas esperamos que a recuperação seja
> rápida. Queremos dar maior atenção ao setor elétrico, por exemplo", afirma
> ele.
>
> "Sabemos que existe uma situação grave no país, mas a pior forma de fazer
> gestão em uma crise é desmontar os pilares do futuro", diz o atual reitor,
> Leher.
>
> Desde 2013, o orçamento da UFRJ para custeio e investimentos foi reduzido
> em cerca de 40%.
>
> *NOVO PERFIL*
>
> Criada em 1935 como Universidade do Brasil, a UFRJ conta hoje com 43 mil
> alunos em suas 52 unidades-a maior parte delas localizadas na Cidade
> Universitária, campus, que fica na ilha do Fundão, zona norte do Rio.
>
> Nos últimos anos, com a fixação de cotas para as universidades federais e
> o uso de Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como vestibular, o perfil do
> estudante foi alterado. O número de alunos de fora do Rio, por exemplo,
> cresceu de 1% para 20%.
>
> "Isso é uma riqueza da universidade, temos que saber trabalhar isso, como
> usar essa vantagem" diz Le Ravallec, da faculdade de educação.
>
> Para Leher, é preciso garantir condições financeiras para que esse aluno
> consiga estudar, pois os cortes no orçamento afetaram a verba disponível
> para assistência estudantil.
>
>
> Efeito dos cortes para pesquisas só deve aparecer daqui a alguns anos
>
> *REINALDO JOSÉ LOPES*
> COLABORAÇÃO PARA A *FOLHA*
>
>
> Em meio à crise econômica, muitos pesquisadores têm conseguido tocar o dia
> a dia de seus laboratórios com recursos obtidos em anos anteriores, mas é
> difícil imaginar que eles conseguirão manter esse ritmo caso os severos
> cortes de verbas para o setor continuem por mais tempo.
>
> E o efeito negativo da diminuição de recursos hoje pode acabar aparecendo
> apenas daqui a alguns anos.
>
> "A palavra que resume a situação é ansiedade", diz Stevens Kastrup Rehen,
> especialista em células-tronco do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ
> e do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino.
>
> "Ainda estamos trabalhando basicamente com a 'gordura' de projetos
> aprovados em 2014 e 2015. Temos tido um cuidado estressante para planejar
> cada passo dos experimentos. Mas isso também interfere na criatividade:
> você acaba evitando fazer aquele experimento mais ousado que poderia te dar
> um resultado inovador e importante, porque tem mais risco de dar errado",
> explica Rehen.
>
> A situação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas é parecida, diz
> Ronald Cintra Shellard, diretor do órgão. "A gente tem a inércia propiciada
> pelos recursos recebidos no passado e consegue se segurar um tempo. O
> impacto vem a longo prazo –você vai acabar pagando caríssimo amanhã", diz
> Shellard.
>
> O bioquímico Hernan Chaimovich Guralnik, presidente do CNPq (principal
> agência federal de fomento à pesquisa), afirma que um possível sinal do
> impacto da crise aparece em algumas das bases de dados que indexam artigos
> publicados em revistas científicas internacionais.
>
> "De 2014 para 2015, dependendo da base, há uma diminuição no ritmo do
> crescimento das publicações nacionais, mas não uma diminuição no número
> absoluto", diz ele. Segundo o presidente do CNPq, dois fatores que podem se
> refletir numa queda da produção científica daqui a alguns anos são o ritmo
> da formação de novos doutores e parcerias internacionais.
>
> Jovens pesquisadores que estão concluindo seu doutorado neste ano, por
> exemplo, ainda podem contar com as bolsas aprovadas no começo da década,
> enquanto a chance de que um recém-formado seja contemplado com a mesma
> bolsa hoje é muito menor.
>
> O CNPq cortou as bolsas de iniciação científica, incluindo graduação e
> ensino médio, de 34 mil para 26 mil ao longo dos próximos dois anos. Além
> disso, não tem concedido mais bolsas no exterior. "Isso afeta as
> colaborações internacionais e o impacto das publicações brasileiras", diz
> Guralnik.
>
> O Orçamento do Ministério da Ciência é de R$ 4,1 bilhões –em valores
> corrigidos, é 52% menor do que o de 2010.
>
> Mesmo países com forte tradição de universidades e centros de pesquisa
> privados, como os EUA, dependem de verbas públicas, que permitem a criação
> de estratégias nacionais de longo prazo. "Esse não é só o modelo brasileiro
> ou americano, é o terráqueo", brinca Rehen.
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